terça-feira, 23 de agosto de 2011

E DE ESTUPROS...

Hoje não é o Dia Internacional da Mulher ou outra bobagem qualquer. É um dia comum, bom para falarmos de uma coisa que, INFELIZMENTE, é comum também: a violência contra as mulheres.

Muitas de nós passaram ou passam por isso, poucas buscam ajuda. Alguns falam que o estupro não passa de um jogo, de fantasia de "dominação e dominado", mas acredito que a coisa não é assim. Não se pode dispor do corpo de outra pessoa ao seu bel-prazer, sem que isso seja expressamente permitido.

É um crime!
Lei nº 11.340/2006

Li hoje o último artigo que postei, Ilda Furacão, e me lembrei de outras coisas que já tinha lido sobre o assunto. Fala-se muito em estupro de menores, estupros violentos de pessoas que não se conhecem, mas pouco se fala do estupro entre cônjuges. Até porque parece que o sexo fica meio pré consentido, já que existe (ou não) uma certidão de casamento, ou pelo menos uma convivência conjugal. Mas a coisa não é assim! Não pode ser assim! Uma certidão de casamento não é um documento tipo uma compra de gado. Não se compra a posse de uma pessoa como se compra a de um animal! O respeito é fundamental numa união!!!

Você que está me lendo agora deve estar se perguntando o porquê disso estar sendo falado aqui e agora. É porque quando eu estava lendo me lembrei da história de 2 amigas:
- Uma me falou que o marido quase obrigava ela a fazer sexo com ele todos os dias durante os 15 ou 18 anos que estavam casados, e que ela se sentia aliviada quando menstruava ou quando iam visitar os familiares e dormiam na sala. Putz! Sexo deve e tem que ser uma coisa prazerosa para o casal e não uma obrigação diária! Não se pode ter excelentes orgasmos fazendo sexo como se estivéssemos cumprindo a tabela de um campeonato de futebol! Sexo tipo: meter e dormir. Fazer amor é outra coisa e "fazer" todo dia é sexo. Mulheres gostam de fazer amor.

- A história que a segunda amiga me contou foi ainda pior do que da primeira. Depois de anos de casada, ela um dia descobriu que o marido fazia sexo com ela enquanto dormia. Eu não soube o que falar, nem pude ajudá-la, porque acho que marido que faz sexo enquanto a esposa dorme é capaz de fazer também com um bicho, uma boneca, uma defunta. Nem sei se isso tem um nome, mas eu chamo de "sexo solitário" (que não é punheta). Eu me pergunto: enfiar o pau num buraco quase morto dá prazer como? Não sei, mas pra mim a resposta da parceira é fundamental! Sua participação, gemidos, sussurros, gritos, contrações vaginais... Sei lá, mas pra mim, fazer amor é que nem um jogo de pingue-pongue que você só pode jogar se alguém rebater a bolinha. Só existe com dupla participação.

Esse post está grande e sei que poucas pessoas leem coisas grandes na net. Então vou passar aos textos que li e que cada um tire suas próprias conclusões e busque seu melhor caminho.

E que Deus ilumine nossos caminhos...


Sexo sem consentimento da outra parte é estupro
Matéria achada no site Rede Bom Dia
Estupro ou violação é a prática não-consensual de conjunção carnal, imposta por meio de violência ou grave ameaça de qualquer natureza, ou ainda contra pessoas incapazes de consentir com o sexo, como crianças. No Código Penal Brasileiro, estupro é a penetração do pênis na vagina sem o consentimento da mulher.
Violência sexual: Trata-se de ações nas quais a mulher é obrigada à prática sexual, mediante agressão física ou ameaça.
Exemplos: Forçar relações sexuais quando a pessoa não quer, quando está dormindo ou doente.


Estupro nos relacionamentos amorosos: violência doméstica contra a mulher
Matéria copiada do site Âmbito Jurídico
Observa-se que ao utilizar de violência ou grave ameaça para a realização da relação sexual contra sua companheira ou esposa, poderá o companheiro configurar como sujeito ativo do crime de estupro, pois independente de no casamento ou união estável surgir a obrigação da satisfação sexual de ambos, jamais deverá a mulher ser obrigada, contra a sua vontade, de praticar relação sexual, pois deve-se sempre levar em conta o respeito ao direito das pessoas.

Observou-se que no casamento ou na união estável, surge o dever de ambas as partes em manter um relacionamento sexual, satisfazendo um ao outro, mas esse relacionamento deverá ser espontâneo e consentido entre ambos.


Deve-se entender que, independente de a mulher está casada ou viver em união estável, ela tem o direito de dispor do seu corpo, da forma que ela melhor entender, caso não for de sua vontade manter relação sexual, independente do motivo, não se justifica a violência do homem contra a mulher, obrigando-a a manter relação sexual.

Caso ocorra de o marido ou companheiro obrigar sua esposa ou companheira a manter relação sexual contra a sua vontade, há o estupro tipificado conforme está previsto no artigo 213 do Código Penal.

Na hipótese de a mulher não cumprir com suas obrigações civis, caberá ao cônjuge ingressar no judiciário, na esfera civil, com pedido de dissolução do vínculo conjugal, mas nunca obrigar a mulher a manter relação sexual contra a sua vontade.


Coerção sexual
Matéria copiada do site Boa Saúde
O abuso sexual pode gerar muitas consequências nocivas à saúde, inclusive problemas psicológicos e de comportamento, distúrbios sexuais, problemas de relacionamento, baixa autoestima, depressão, tendência ao suicídio, alcoolismo e dependência química.

Ilda furacão
E de estupros
Justiça com as próprias saias

Estuprar uma mulher é assassinar seus mistérios, ela é uma sofisticada trama existencial, mas o estuprador só vê vagina, buraco onde impor sua protuberância exigente. Um casal muito bem pode brincar com performances selvagens ou de dominação em sua intimidade, mas ninguém está sendo reduzido à condição de coisa, trata-se apenas de uma fantasia compartilhada. O estuprador pratica um sexo cruel, menos por ser violento, mais por ser despersonalizante. A mulher violentada pode ser Maria, Roberta ou Clarice, tanto faz, é o buraco da vez.

As Justiceiras do Capivari existem porque tiveram que viver num lugar que reúne o pior do interior com o pior da cidade, disso nasceu um feminismo rústico como seu entorno, mas nem por isso menos contemporâneo e feminino.

É atual porque elas fazem a hora, não esperam acontecer, não contam com autoridades, nem homens da família que se incumbam de sua defesa. Não sabemos se estes é que foram tão omissos que elas cansaram de sofrer, ou se elas é que decidiram não pagar para ver. Não há como discernir se as mulheres são fortes porque os homens são fracos ou se eles foram abrindo mão de funções que estas deixaram de lhes atribuir. A novidade está na vingança conduzida pelas mulheres, não se trata mais de um pai, marido ou irmão exigindo retaliação pela sua honra ferida. Mulheres como Ilda acreditam que a integridade e respeitabilidade de uma mulher são atributos seus, não de seu homem e isto ultrapassa os limites geográficos do Capivari. Uma mulher pode até ter um pai protetor, um marido dedicado, mas estará só quando o assunto for a defesa de sua honra. Por exemplo, quanto aos assédios sexuais no trabalho, ninguém espera que seu pai ou marido vão até o escritório dar uma surra num chefe inconveniente. Da mesma forma, a decisão sobre quão longe irá na intimidade com determinado homem será uma decisão solitária.

É feminino porque suas personagens são complexas e elas blefam. Ilda e suas seguidoras não estão querendo bancar as mulheres-macho, elas estão apenas propondo um movimento que tenha o poder de intimidar os agressores. A dona de casa Ilda Prado e a justiceira "Ilda Furacão" são duas faces da mesma, pois a mulher frequentemente experimenta algum tipo de bifurcação, só muda o tema: entre a prostituta e a beata, a menina e a mulher, a mãe e a amante, a profissional e a rainha do lar. Tratando-se de mulheres, há sempre outro lado, algo que constitui seu enigma, que a torna difícil de catalogar. Esta sofisticação de sua imagem faz parte do seu jogo.

Despertar desejos está no roteiro de ser mulher, pode ser algo assumido ou apenas fantasiado, mas ela oscilará entre esta vontade de ser amada e a de ser muito mais que isto, outra coisa que não um mero objeto de desejo. Quanto ao blefe, não é um privilégio do seu sexo, mas é um grande amigo da mulher. Blefar é feminino porque significa convencer o outro pela aparência, é fazer acreditar na fantasia que se propõe. As Justiceiras aprenderam a usar este velho expediente das artimanhas de sedução feminina, agora para outro fim: meter medo. Afinal, tantas mulheres fingiram prazer, fingiram amar, porque não saberiam agora fingir matar? Mas as Justiceiras advertem, fantasia é coisa séria, por isso se dedicam à suas indumentárias de cangaceiras e às performances espetaculares do bando, assim angariarão o respeito que precisam. Afinal, como dizem, fantasia não é mentira, é uma verdade que esqueceu de acontecer.

PS: Um conselho de psicanalista para estas corajosas mulheres. Já que é blefe, seria mais efetivo ameaçar com a castração. Um homem prefere a morte a sobreviver sem seu atributo viril. O estuprador é um pênis ambulante, por isso: cortem-lhe a cabeça.

Publicado na Revista TPM, como parte da reportagem sobre a justiceira Ilda do Prado, organizadora de um grupo de mulheres para a defesa contra a reincidência de estupros na Baixada Fluminense, Ilda foi assassinada um ano após a publicação dessa reportagem "Ilda Furacão" de autoria de Renata Leão

0 comentários, falta o seu:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...