terça-feira, 20 de dezembro de 2005

O PERU PREGADOR



Por Francisco Cândido Xavier & Neio Lúcio; Alvorada Cristã.


Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperando-lhe também as divinas promessas. Tão versado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves.

De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem "glá-glé-gli-gló-glú". Não era, naturalmente, compreendido pelos homens. Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente.

Começava o comentário das lições do Evangelho e o terreiro enchia-se logo. Até os pintinhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo. O peru, muito confiante, assegurava que Jesus-Cristo era o Salvador do Mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina, colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na terra. Dizia que todos os seres, para viverem tranqüilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los.

As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegado o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, lançaram frangos, patinhos e perus, matando-os, ali mesmo, ante o assombro geral.

Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo, distribuíram pancadas e golpes à vontade.

Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta.

Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração.

As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas.

Como louvar um Senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de seu natalício? Como explicar tantas maldades por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança? Não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo? Não se afirmavam discípulos dEle? Precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor?

O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte. Achava-se igualmente cansado e oprimido. Na manhã imediata, ante o sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar; que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete. Explicou, por fim, que os homens degoladores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores". Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mesmo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo.

Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à delas.

OBS: Texto achado no site saindo da matrix e trazido para cá apenas para uma boa reflexão tão propícia para a época.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

NATALÍCIA


Foi um ano difícil este que estava acabando.

Nata ficou desempregada em abril e agora que dezembro já passava do meio e suas economias no fim; ela não sabia mais aonde ir e nem o que fazer para sobreviver.

Tomou banho, pegou sua melhor roupa e decidiu dar uma volta pelo shopping. Quem sabe desta vez tivesse mais sorte. Foi passeando, pois era perto e afinal a intenção era de ao menos se distrair com a profusão de vermelho nas vitrines.

Sentou num banco e um menino moreno se aproximou entregando um papel, ela riu, achou na bolsa uma bala e deu a ele. O menino riu e respondeu:
- Espero que você tenha um Feliz Natal, o meu não deve ser dos melhores, estou trabalhando porque minha mãe está de cama. Nata deu um beijo no menino e respondeu:
- Teremos sim um Natal bem feliz, pois traremos sorte um ao outro.

E o menino saiu rindo, um pouco mais feliz e foi continuar seu trabalho entregando papéis.

Nata viu que era um anúncio de emprego temporário e a inscrição era em uma loja ali mesmo no shopping. Levantou mais animada e foi até a loja. Sua animação não durou muito, era um sexy shop e este não era muito seu perfil, mas decidiu saber o que se tratava. Tomou coragem e entrou na loja. Foi atendida por uma jovem senhora muito educada que a convidou a entrar numa salinha reservada para que conversassem sem interrupções. E ela explicou:
- Vai acontecer uma grande festa, mas como é na noite do dia 24 eu não consigo uma moça para fazer o serviço.
- Algo relacionado à prostituição? Nata perguntou.
- Não, a não ser que você queira. O serviço consiste em estar vestida de mamãe Noel, roupas mínimas e um pouco transparente, o corpo salpicado de gliter. Exatamente a meia noite entra na sala uma imensa caixa de presentes com a moça e os presentes que serão entregues por ela. O grupo da festa consiste em investidores da bolsa de valores e alguns grandes empresários. Todos sem família, por isso resolveram fazer esta festa em grupo. Lógico que estou agendando algumas meninas de programa também, mas eles pediram que a moça da caixa não fosse prostituta. Foram as ordens que recebi quando me contrataram para organizar esta festa e é lógico que preciso de uma moça educada, de classe, pois são todos homens importantes e de muitas posses. Depois da entrega dos presentes, se você quiser, pode continuar na festa e curtir até o final.

Nata achou que o serviço não seria tão ruim assim, afinal de contas não ia ter como, ou com quem passar o Natal e a parte boa é que poderia curtir a festa depois da meia noite, mas a parte melhor era o que iria receber em pagamento pelo serviço, era o que recebia por um mês de trabalho no seu último emprego. Saiu feliz da loja e lembrou do menino, mas não o achou pelo shopping. Num impulso voltou à loja e perguntou para a senhora que a tinha atendido se tinha o endereço, ou telefone do menino que estava entregando o folder para ela.
- Que menino? Que folder? Não pedi para entregar nenhum folder, tenho apenas este cartaz na loja, não foi por ele que você chegou aqui?

Nata procurou na sua bolsa, mas não achou mais o papel que o menino tinha lhe dado. Pediu desculpas e saiu da loja, confirmando sua ida à festa no dia 24.

Chega o dia e Nata está bem nervosa. Foi treinada para o serviço, experimentou a roupa, que nem era tão mínima assim, marcaram cabeleireiro, manicure e maquiagem, num salão vip e isto consumiu sua tarde toda. Agora se olhava no espelho com o vestido longo vermelho, sapatos e meias que foram enviados e se achava bem diferente do seu dia a dia. Não era feia, mas seus cabelos longos, louros naturais e ligeiramente encaracolados nunca tinham sido tão bem tratados. Brilhavam, assim como seus olhos. Estava impressionada com a organização de tudo. Salão, roupas e um táxi na sua porta a esperando, até a cor do esmalte foi escolhida por eles.

Quando chega ao local, uma mansão amarela clara em cima de uma colina e toda iluminada, repara que no estacionamento existe uma profusão de BMW, Ferrari e outros carros que ela nem conhecia, mas todos muito bonitos. Quando entra na sala que reservaram para ela e mais parecendo um camarim, vê no canto uma mesa com uma toalha branca, um vaso com belíssimas rosas vermelhas, uma cesta de frutas e dentro de um balde com gelo uma champanhe. Antes que faça algo, entra um garçom, lhe dá boa noite e abre a champanha, servindo um pouco numa taça e entregando a ela.
- Com os cumprimentos de todos, senhora. Precisando de qualquer coisa pode me chamar estarei aqui fora no corredor. Boa festa.

Nas rosas tinha um cartão escrito: "Feliz aniversário, beijos", mas sem assinatura. Nata sabia que não tinha falado com ninguém que no dia seguinte seria seu aniversário. Aliás, detestava ter nascido no dia 25 de dezembro, foi por isso que inventaram aquele nome bobo para ela.

Músicas deliciosamente relaxantes começaram a tocar, entremeadas com algumas antigas de Natal. Nata começou a se trocar com calma, tinha tempo de sobra.

Faltando cinco minutos para meia noite o mesmo garçom bate à porta e pergunta:
- A senhora está pronta? Chegou sua hora e a acompanha até onde estava a caixa, mas quando Nata entra na caixa apenas uma caixa de presentes lhe é entregue. Ela pergunta onde estão os outros presentes que deveria entregar, mas o garçom fala que só recebeu ordens para entregar-lhe aquela pequena caixa. E a caixa dourada com Nata dentro segue para a sala.

Quando a caixa se abre e Nata se levanta com o pequeno embrulho nas mãos vê um salão imenso, todo iluminado à luz de velas e decorado com rosas vermelhas. Uns vinte ou trinta casais, os homens de preto e as mulheres vestidas em tons de vermelho, e na sua frente um rapaz uns cinco anos mais velho que ela que lhe estende a mão ajudando-a a sair da caixa. Nessa hora a música pára e todos cantam "parabéns pra você" e ela entrega a caixa para o rapaz que a abre e tira um anel com um solitário de brilhante. Ele pega sua mão e coloca o anel e antes que Nata consiga falar algo ele a puxa para dançarem Danúbio Azul que começa.

O rapaz dança em silêncio e só na segunda música que começa a contar para ela o motivo da festa.
- Os casais são todos meus amigos, e resolveram me fazer uma surpresa pelo meu aniversário. Eles não se conformam que sempre saímos, eles sempre em casal e eu sozinho. Trabalho muito e não tenho tempo para paqueras, então resolveram me presentear com você, mas isso não quer dizer que você seja obrigada a nada que não queira comigo. Seu trabalho terminou quando você saiu da caixa, agora é apenas curtir a noite.

Nata fala que não está se sentindo bem com aquela roupa para continuar no salão, se ele faz alguma objeção que ela se troque.
- Lógico que não! Quer que te acompanhe até sua sala?
- Sim. Mesmo porque nem sei onde fica afinal me trouxeram até aqui dentro de uma caixa.

Ele a leva até o camarim e quando entram o garçom está servindo champanhe em duas taças. Entrega a eles e se retira.

Brindam e o rapaz faz menção de sair para que ela se troque, mas Nata olha para o biombo e pede que ele a espere na poltrona enquanto se troca atrás do biombo. Quando sai de trás deste ele está em pé com uma das rosas do buquê nas mãos e fala:
- Sei que parece loucura, nem nos conhecemos, mas espero que nós dois tenhamos uma noite especial.

Nata pega a flor e agindo instintivamente chega seu lábio perto do dele.

Carlos prende a rosa nos cabelos de Nata e saem para dançar.

A noite é realmente especial e se sentindo cansada de tanto dançarem pede para dar uma volta pelo jardim. Sentam-se num banco e Carlos fala de sua vida. Ficou órfão muito jovem, mas o curador dos muitos bens que seu pai deixou foi também seu tutor. Um homem correto e rígido na sua forma de educar os filhos e ele foi educado pelo tutor. Começou a trabalhar em uma das empresas do seu pai com 16 anos, como boy. Seu tutor falava que se ele não conhecesse toda a empresa, jamais conseguiria administrar esta e as outras que seu pai tanto trabalhou para deixar para ele. Hoje ele agradece a educação rígida que teve, mas sabe que isso o deixou com poucas possibilidades de ter uma mulher como ele sonhava. Que não fosse do meio dele, pois achava as meninas muito vazias, querendo saber apenas de festas e pediu para que Nata contasse sua vida.

- Nasci no interior e vim para a capital estudar. Sempre quis cursar música e trabalhei sempre para conseguir pagar meus estudos. Quando passei para a universidade federal comecei a achar que finalmente minha vida iria melhorar, mas trabalhar nessa área é muito difícil. Trabalhei até o começo deste ano, quando o grupo se dissolveu e sobrevivi com o que conseguia guardar do meu salário.

Nata tira o anel do dedo e fala a Carlos que não pode aceitar um presente tão caro já que mal se conhecem. Ele pega o anel e recoloca no dedo dela.

- Aceite, por favor. Apesar de ser precipitado, quero conhecer você melhor e espero que você também queira me conhecer. Sei onde te encontrar.

A festa está no final e Nata pega o táxi de volta para casa, mas o motorista toma outro caminho. Nata pergunta o porquê disso e o rapaz entrega um grande embrulho e responde que eles têm ainda algo a fazer, têm mais um presente a entregar naquela noite.

Já está amanhecendo quando Nata chega a uma casa simples. Sentado na porta um menino moreno que quando a vê abre um sorriso.

- Oi moça! Como me achou?
- Não sei, e como você me achou?
- Um moço pediu para eu entregar à senhora aquele papel e que jogasse os outros no lixo, que se eu fizesse isso hoje cedinho eu iria receber um presentão.

Nisso Nata lembra do embrulho, volta ao carro e entrega ao menino o pacote contendo um ferrorama, um cheque e um cartão onde estava escrito:
"Antonio use o cheque da melhor forma, para você e para cuidar de sua mãe, um grande beijo do seu amigo Carlos".

A partir desse Natal mágico os três nunca mais se separaram.

Melanie
18/12/2005

domingo, 11 de dezembro de 2005

THE MOUNTAINS O'MOURNE


Don Mclean

Oh, mary, this london's a wonderful sight with people here
Working by day and by night.
They don't sow potatoes nor barley nor wheat but there's gangs
Of them diggin' for gold in the street.
At least when i asked them that's what i was told so i just took
A hand at this diggin' for gold,
But for all that i found there i might as well be where the
Mountains o'mourne sweep down to the sea.

I believe that when writing a wish you expressed as to how the
Fine ladies in london were dressed,
Well, if you'll believe me when asked to a ball, they don't wear
No top to their dresses at all.
Oh, i've seen them meself and you could not in truth say that if
They were bound for a ball or a bath,
Don't be startin' them fashions, now, mary mccree, where the
Mountains o'mourne sweep down to the sea.

There's beautiful girls here, oh, never you mind, with beautiful
Shapes nature never designed,
And lovely complexions, all roses and cream but let me remark
With regard to the same
That if at those roses you venture to sip, the colors might all
Come away on your lip,
So, i'll wait for the wild rose that's waitin' for me in the
Place where the dark mourne sweeps down to the sea

(alguém me deve essa tradução...)

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